por Janaina Pereira
Drama bem humorado sobre encontros e perdas familiares, O Último Cine Drive In, de Iberê Camargo, fez uma bela carreira em festivais até chegar, finalmente, aos cinemas – a estreia é nesta quinta (20). A premiação mais recente rolou no Festival de Gramado, que deu ao filme o Prêmio da Crítica de Melhor Longa Metragem Nacional, Melhor Ator para Breno Nina, Melhor atriz Coadjuvante para Fernanda Rocha e Melhor Direção de Arte para Maíra Carvalho. Estrelado pelo veterano Othon Bastos, o longa tem dois pontos muito fortes a seu favor: mostrar de forma contundente a relação de pai e filho, e ainda prestar uma homenagem ao cinema. Conversei com o diretor Iberê Camargo (foto), e o resultado do bate-papo você lê a seguir.
Como surgiu a ideia para esse roteiro?
Iberê Camargo – Desde 2009 eu vinha desenvolvendo um argumento de um filme que tratasse da relação entre um pai e um filho. Esse argumento teve algumas versões antes da ideia de que essa história poderia se passar no Cine Drive-in de Brasília. Certo dia, a convite de um amigo, fui ver o filme Death Proof do Tarantino no Cine Drive-in e ficou claro para mim que essa história que eu queria contar poderia se passar alí, no Drive-in. Me pareceu o universo ideal para o reencontro de duas pessoas com uma relação perdida no passado. Um espaço completamente anacrônico e nostálgico. A partir daí, o argumento foi incorporando muitas camadas referentes à história do Drive-in e a minha relação (de paixão) com o cinema em si. O Cine Drive-in não é apenas o pano de fundo da história. Ele passou a fazer parte como um dos personagens principais da trama. Depois, com o o filme já sendo rodado, me dei conta que minha relação com meu pai sempre esteve ligada ao cinema, pois aos domingos, dia de eu ficar com ele, invariavelmente nosso passeio era ir ao cinema. De uma maneira inconsciente eu acabei escolhendo um cinema para falar de uma relação pai e filho. O que acontece entre os personagens do filme não corresponde à minha história pessoal, mas acabei encontrando uma forma de contar essa história com elementos muito íntimos e pessoais.
E como foi a escolha do Othon Bastos para o filme?
Para ser o guardião do último Cine Drive-in eu queria um ator com força, sensibilidade e sobretudo que tivesse uma história relacionada ao cinema brasileiro. Ninguém melhor que o Othon Bastos.
O filme faz homenagem a alguns clássicos. Qual desses clássicos toca você?
O Poderoso Chefão; Cinema Paradiso; Invasões Barbaras; Pequena Miss Sun Shine; O Porto; A Última Sessão de Cinema; Whisky; La Teta Assustada; La Nena; Paris, Texas, O Filho da Noiva; Adeus Lenin. Todos eles me tocam de alguma forma.
Como é a receptividade do público nos festivais e o que espera da estreia nos cinemas?
A recepção está sendo a melhor possível. Espero que as pessoas se deixem levar por essa história simples e despretensiosa, contada com muita sinceridade e amor.
O filme foi bastante premiado, você acha que isso ajuda a chamar a atenção do grande público para assisti-lo?
Como não temos muitos atores conhecidos e esse é meu primeiro filme, acho que os prêmios são como um atestado de qualidade para público. No mínimo gera uma curiosidade.
Se pudesse definir o longa em poucas palavras, convidando o público para vê-lo, o que diria?
Um filme que conta uma emocionante história de forma divertida e cativante.
Confira o trailer: