Por Janaina Pereira
Cresci vendo os filmes do Leonardo Di Caprio. Bem antes de Titanic, o ator já me chamava a atenção por trabalhos intensos em produções como Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador, O Despertar de um Homem e Diário de um Adolescente. Com 26 anos de carreira (estreou na TV em 1990, na série Parenthood), o ator viu muita gente menos talentosa que ele ser agraciada com a estatueta dourada. Mais surpreendente do que suas poucas indicações – apenas cinco, contando com a de O Regresso – é a sua lista de bons filmes e personagens que a Academia de Hollywood simplesmente ignorou.
Mas agora vai! Di Caprio, 41 anos, conhecido por não fazer politicagem para conseguir prêmios, parece ter aceito que, para deixar de ser alvo dos memes sobre nunca ter ganho a cobiçada estatueta, precisava de um personagem típico de Oscar. Ao juntar-se com o ambicioso Alejandro Gonzalez Iñarritu, ele faz com um pé nas costas o sofrido Glass de O Regresso, personagem que tem todas as características que a Academia adora: sai do inferno para sobreviver, tem um motivo nobre para sua sede de vingança, exigiu fisicamente do ator e (esse detalhe é fundamental) passa 90% do filme sem falar. Entre grunhidos, olhares de medo e angústia e muito sangue jorrando do corpo, Di Caprio está a caminho do seu primeiro e tão sonhado Oscar (ele nega que deseje o prêmio, mas é impossível que um ator de sua magnitude não tenha sonhado com isso alguma vez na vida).
Vamos conferir a longa trajetória do ator rumo à estatueta dourada, incluindo suas memoráveis não indicações. Mas, primeiramente, as indicações.
A primeira indicação – Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador (1993)
Di Caprio interpreta o irmão autista (foto) de Johnny Depp (que estava no auge da carreira e é o personagem título do filme), e tem uma atuação impressionante. Aos 19 anos, foi indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar de 1994 pelo papel. Era favorito ao lado de Ralph Fiennes, que concorria por A Lista de Schindler. Ambos perderam para Tommy Lee Jones, por O Fugitivo.
A segunda indicação – O Aviador (2004)
Foram longos 11 anos esperando Leonardo Di Caprio ser indicado ao Oscar de novo. Mesmo merecendo indicações anteriores (ver texto dos filmes em que ele merecia, mas não concorreu), o ator só foi lembrado novamente pela Academia pelo papel de Howard Hughes (foto), magnata milionário e influente no cinema americano. Ganhou o Globo de Ouro de 2005 pelo papel, mas perdeu o Oscar para Jamie Foxx, favorito absoluto por Ray.
A terceira indicação – Diamantes de Sangue (2006)
Ao longo de 2006, Di Caprio surgia como franco favorito ao Oscar do ano seguinte graças as suas duas interpretações arrebatadoras em Diamantes de Sangue – sobre o tráfico das pedras preciosas usadas para financiar a compra de armas para a guerra (foto) – e Os Infiltrados (sobre este eu falo na lista dos não indicados). Os dois personagens, complexos e cheios de culpa, foram um prato cheio para performances inesquecíveis do ator – e marcam também os primeiros traços mais maduros em seu rosto (e, assim, ele deixa de ser lembrado pela eterna imagem juvenil). Indicado duplamente em 2007 ao Globo de Ouro – fato raro na temporada de prêmios – viu suas chances irem para o ralo quando Forest Whitaker, aos 45 minutos do segundo tempo, virou favorito e ganhou todos os prêmios por O Último Rei da Escócia.
A quarta indicação – O Lobo de Wall Street (2013)
No filme mais ousado de Martin Scorsese, Leo dá um show de interpretação como o imoral Jordan Belfort (foto), corretor de ações em Wall Street que leva uma vida recheada de sexo, drogas e rock´n roll (literalmente). Mesmo com a atuação impecável, a indicação do ator ao Oscar foi surpreendente, porque é um papel totalmente ao contrário do que a Academia gosta – e porque o limitado Matthew McConaughey era favorito depois de emagrecer para fazer um doente terminal de AIDS em Clube de Compras Dallas. Mas Di Caprio concorreu, foi à festa e ainda aplaudiu de pé o colega vencedor.
A quinta indicação – O Regresso (2015)
O ator, conhecido por personagens verborrágicos, passa boa parte do filme sem falar, usando apenas o corpo (em especial o rosto) para se expressar. Seu personagem, Glass, é atacado por um urso, fica à beira da morte e é largado por seus companheiros no meio da selva. A jornada para sobreviver é o tipo de caminho certo para a vitória no Oscar. Sua intepretação é boa, mas está longe de algumas de suas atuações memoráveis. Mesmo que o filme seja lembrando para sempre como aquele que deu o Oscar a Di Caprio, é de Tom Hardy o melhor papel (e a melhor interpretação) no longa. Mas a vida não é justa e nosso querido Leo sabe disso. Que venha o Oscar com muitos aplausos de pé.
A seguir, contamos a longa trajetória de não indicações ao Oscar de Leonardo Di Caprio. Confiram no próximo texto.
Fotos: divulgação
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